Conteúdo 1. Conceitos e características da Globaliszação
Mitos da Globalização
Este faz parte de um seminário, por mim, apresenatado no Mestrado na matéria de Organização Industrial; Texto fonte: Mitos da Globalização de Paulo Nogueira Batista Jr.
Introdução: O grande debate por trás da “globalização”, está na atuação do Estado na Economia, e nas suas possíveis ações sobre os arranjos econômicos, no comércio externo e interno, na indústria e na agricultura. A globalização é o grande pano de fundo, encobertando os interesses do capital internacional, é um álibi da elite tradicional nacional e máscara inoperâncias do governo.
Este artigo mostra evidências e mitos sobre alguns exageros em torno da globalização e de suas superioridades sobre estados nacionais fragilizados e inoperantes, e de sua inevitabilidade mundial, sendo este o grande “salvador da economia mundial”. E também comprovando de que a economia mundial já foi muito mais “globalizada”/integrada desde dos períodos anteriores aos momentos das duas grandes guerras e hoje não passa de uma concentração de capital nos países desenvolvidos.
1º Mito: “A ‘globalização’ inaugura nova etapa na história econômica mundial; constitui processo irreversível, que conduziu a uma integração sem precedentes das economias nacionais”.
O mundo é "globalizado" desde dos periódos A.C., mas consepção desta "nova globalização" nada mais é, do que um modelo de dominação entre países fortes sobre os mais fracos, de igual teor, mas de roupagem nova do pacto colonial do séc. XV. E o processo de integração dos países vem ocorrendo, tão pregado na “globalização”, não chega perto do nível atingido pelo mundo no período antes das grandes guerras, por mais que tenham ocorrido avanços tecnológicos no setor de comunicação no séc. XX. O que vemos hoje é um avanço na recuperação do comércio internacional, após os protecionismos do fim da II guerra e da grande depressão americana.
2º Mito: “Nas últimas duas ou três décadas, a ‘globalização’ produziu um sistema econômico fortemente integrado, de caráter supranacional, que tende inexoravelmente a unificar o mercado mundial, a dissolver as fronteiras nacionais e a reduzir a relevância dos mercados domésticos”.
O processo de internacionalização da “globalização” cresceu junto com os avanços tecnológicos, de comunicação e informática, desenvolvendo uma maior integração no comercio internacional e no mercado financeiro e de capitais, mas está longe de enfrentar os Estados Nacionais e derrubar suas fronteiras. Pois, os mercados internos ainda são os maiores demandadores de mão-de-obra e de mercadorias. Os dados da geografia dos fluxos de comercio e de capitais, não confirmam a propalada imagem de uma economia “global” ou mercado mundial unificado, pelo contrário é constado, um agrupamento de 2/3 do fluxo internacional nos países ditos como desenvolvidos. Portanto é enganoso o tratamento dado a uma “economia global” e sim deveria ser chamado de uma “economia internacional”, que seria mais compatível.
O processo de internacionalização da “globalização” cresceu junto com os avanços tecnológicos, de comunicação e informática, desenvolvendo uma maior integração no comercio internacional e no mercado financeiro e de capitais, mas está longe de enfrentar os Estados Nacionais e derrubar suas fronteiras. Pois, os mercados internos ainda são os maiores demandadores de mão-de-obra e de mercadorias. Os dados da geografia dos fluxos de comercio e de capitais, não confirmam a propalada imagem de uma economia “global” ou mercado mundial unificado, pelo contrário é constado, um agrupamento de 2/3 do fluxo internacional nos países ditos como desenvolvidos. Portanto é enganoso o tratamento dado a uma “economia global” e sim deveria ser chamado de uma “economia internacional”, que seria mais compatível.
3º Mito: “Em conseqüência da ‘globalização’ e do predomínio das políticas ‘neoliberais’, os Estado nacionais entraram em processo de inevitável declínio e estão compelidos a reduzir a sua presença na economia”.
A teoria de base da “globalização” é o neoliberalismo. É o velho projeto liberal da escola austríaca e dos clássicos. Foi implementado apenas nos países em desenvolvimento e nos desenvolvidos não foi implementado, pois, não diminui o tamanho do Estado nesses países, há uma grande diferença entre o discurso e a prática.
4º Mito: “A economia ‘global’ vem sendo crescentemente dominada por empresas ‘transnacionais’, livres de identificação e lealdades nacionais.”
São raras as empresas que perdem o vínculo com a “terra natal”, a grande maioria mantém o grosso de ativos, vendas, empregados e P&D na sua base nacional. Elas deveriam ser chamadas de firmas nacionais com operações internacionais.
A teoria de base da “globalização” é o neoliberalismo. É o velho projeto liberal da escola austríaca e dos clássicos. Foi implementado apenas nos países em desenvolvimento e nos desenvolvidos não foi implementado, pois, não diminui o tamanho do Estado nesses países, há uma grande diferença entre o discurso e a prática.
4º Mito: “A economia ‘global’ vem sendo crescentemente dominada por empresas ‘transnacionais’, livres de identificação e lealdades nacionais.”
São raras as empresas que perdem o vínculo com a “terra natal”, a grande maioria mantém o grosso de ativos, vendas, empregados e P&D na sua base nacional. Elas deveriam ser chamadas de firmas nacionais com operações internacionais.
5º Mito: “A expansão das transações financeiras internacionais criou um mercado ‘global’ de capitais, extraordinariamente poderoso, diante do qual a autonomia das políticas nacionais e dos bancos centrais, mesmo nos países de mais peso, tende a desaparecer”.
O grau de internacionalização das finanças é mais limitado do que se sugere na tal “globalização financeira”. Todas as financeiras do chamado mundo desenvolvido prefere investir no país de origem por ser mais seguro, mas o volume e rapidez das transações criam situações novas, dificultando a sustentação de certos tipos de regime cambial, principalmente o de ancoragem flexível. Isto aumenta o poder de decisão dos BC´s, se tornando um ator de primeira grandeza, pois tem que utilizar políticas de monetárias de flutuação controlada, mantendo a influência e autonomia dos BC´s domésticos.
Conclusão: É preciso tomar distância de noções falsas ou exageradas que ocorrem no mundo à procura de “consumidores” desavisados. “Globalização” é um mito. Os Estados Nacionais, preparados não estão indefesos ao tal processo “inevitável e irrevogável”.
O fascínio com a “globalização” é indescritível e com o desarmamento intelectual que se encontra em países como o Brasil. Para superá-los, poderíamos começar por uma reavaliação do papel dos Estados nacionais, desenvolvendo, sem inibições, a nossa própria concepção de rumos que devem tomar as relações internacionais da economia.
O grau de internacionalização das finanças é mais limitado do que se sugere na tal “globalização financeira”. Todas as financeiras do chamado mundo desenvolvido prefere investir no país de origem por ser mais seguro, mas o volume e rapidez das transações criam situações novas, dificultando a sustentação de certos tipos de regime cambial, principalmente o de ancoragem flexível. Isto aumenta o poder de decisão dos BC´s, se tornando um ator de primeira grandeza, pois tem que utilizar políticas de monetárias de flutuação controlada, mantendo a influência e autonomia dos BC´s domésticos.
Conclusão: É preciso tomar distância de noções falsas ou exageradas que ocorrem no mundo à procura de “consumidores” desavisados. “Globalização” é um mito. Os Estados Nacionais, preparados não estão indefesos ao tal processo “inevitável e irrevogável”.
O fascínio com a “globalização” é indescritível e com o desarmamento intelectual que se encontra em países como o Brasil. Para superá-los, poderíamos começar por uma reavaliação do papel dos Estados nacionais, desenvolvendo, sem inibições, a nossa própria concepção de rumos que devem tomar as relações internacionais da economia.
Conteúdo 2. BRICs
10 anos de Brics, muito para comemorar
Autor(es): Jim O'Neill |
O Estado de S. Paulo - 01/01/2012 |
Brasil, Rússia, Índia e China superaram as expectativas e não são mais emergentes; eles e mais um punhado de países devem ser chamados mercados de crescimento Há dez anos, no dia 30 de novembro, criei o acrônimo Bric para descrever a provável expansão vigorosa das economias do Brasil, Rússia, Índia e China. Comparada às minhas previsões na época, a história dos Brics se mostrou un sucesso muito maior do que eu podia imaginar. No quadro mais otimista, sugeria que os Brics chegariam talvez a representar coletivamente 14% do Produto Interno Bruto (PIB) global, em relação aos seus então 8%. Na realidade, alcançaram cerca de 19%. Há 10 anos, eu pensava que a China poderia se tornar tão grande quanto a Alemanha. No entanto, ela chegou ao dobro do tamanho da Alemanha e passou à frente do Japão. O Brasil superou a Itália e é hoje a 7ª maior economia mundial, muito mais do que eu calculara (na semana passada, divulgou-se que o Brasil passou a Grã-Bretanha e já é a sexta economia do mundo). No total, os países do Bric cresceram de US$ 3 trilhões para cerca de US$ 13 trilhões, e os US$ 10 trilhões a mais quase poderiam criar outra economia americana, como ela era em 2001, ou mais de seis economias da Grã-Bretanha em 2001. Para comemorar os dez anos, publiquei recentemente um livro intitulado The Growth Map (O Mapa do Crescimento), no qual falo do papel fundamental dos países do Bric e as drásticas mudanças ocorridas no mundo. Resolvi escrever esse livro há cerca de um ano, depois de uma longa viagem a Índia, China e Coreia. Ao regressar ao Reino Unido, me dei conta de que não havia avaliado a escala de mudança que os países do Bric e algumas outras grandes economias estavam imprimindo ao mundo. Na realidade, foi então que entendi que precisava encontrar uma nova maneira de convencer as pessoas a parar de denominar estes países de mercados emergentes. Deveríamos chamar os quatro Brics, além de Indonésia, Coreia, México e Turquia de mercados de crescimento, para destacar sua importância para o mundo. Embora muitas pessoas nem percebam, apesar de duas crises distintas - a de 2001 e a de 2008/09 -, que levaram o mundo desenvolvido a crescer em média 1,5% na década passada, a economia global cresceu 3,5%, mais do que na década anterior. Isso ocorreu por causa da expansão de 8% dos países do Bric. Na década que se inicia agora, a ascensão dos mercados de crescimento fará com que a expansão global atinja a média de 4,3%, apesar das dificuldades com que o Ocidente se depara neste momento. O que pressupõe que o crescimento dos Brics será de aproximadamente 7%, e de cerca de 5% nas outras economias de crescimento. A expansão conjunta dos oito países será de pelo menos US$ 16 trilhões, ou cerca do dobro do que EUA e Europa contribuirão conjuntamente. Somente em 2012, os Brics contribuirão com outros US$ 2 trilhões ao PIB global, criando efetivamente outra Itália em um ano. O que acontece com esses países é muito mais importante do que o que acontece com cada país europeu individualmente. Em The Growth Map, discuto diversos aspectos das dificuldades e das oportunidades. Também analiso as questões com as quais se defronta cada um dos países do Bric, assim como as outras economias de crescimento e ainda as que aspiram a pertencer ao grupo, como a Nigéria. A maior oportunidade da história dos mercados de crescimento é a ascensão de suas classes médias e o enorme aumento do seu consumo. Essa é a questão estratégica fundamental da nossa geração, que proporciona uma chance fabulosa a todos nós, inclusive às principais empresas ocidentais. Até o fim desta década, o valor do consumo nas economias de crescimento será maior do que o dos EUA, e todas as empresas globais com ambições precisarão ser bem-sucedidas nos Brics, do contrário, ficarão para trás em relação aos competidores. Isso pode ser constatado no caso da Louis Vuitton, BMW e assim por diante. Essas companhias se multiplicarão, e outros nomes, que provavelmente muitos de nós sequer conhecem, se destacarão. A esse respeito, o mais crucial é o que acontecerá com a inflação chinesa em 2012, e se ela cairá o suficiente para permitir que Pequim abrande sua política monetária, fazendo com que a China tenha um pouso suave. Para nós, será vital que a China cresça menos, mas que dê mais espaço aos seus próprios consumidores. Outro capítulo do livro analisa uma questão fundamental para o Brasil, o papel da energia e dos seus recursos. Embora a expansão mais acelerada nessas economias de crescimento não pressione o uso dos recursos, a elevação do preço das commodities determinará um aumento da inovação e uma maior produtividade, o que trará novidades neste cenário - os que dependem da persistente elevação dos preços das commodities poderão se decepcionar. Outro tópico que discuto em detalhes é toda a questão da governança global e com ela, do sistema monetário. Como vimos na crise europeia, é possível que os países do Bric venham a influir de algum modo em sua solução, talvez por meio de um aumento de sua contribuição ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas isso só ocorrerá se, com todo o direito, eles obtiverem maior participação em termos de votos. Como, até 2015, eles alcançarão o tamanho dos EUA, será inevitável que algumas das moedas do Bric passem a fazer parte dos Direitos Especiais de Saque (DES, moeda escritural do FMI). Até o fim da década, é perfeitamente concebível que o próprio sistema monetário tenha mudado, o que pretendo estudar com maior profundidade nestes tempos extremamente excitantes! / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK |
Conteúdo 3. Especificidades da União Européia
A Turquia na União Européia
Para ser membro, país passará por transformações
Roberto Candelori
Para a Folha de S. Paulo
Para a Folha de S. Paulo
A União Européia aprovou a abertura de negociações para o ingresso da Turquia. Para ser membro definitivo, Ancara terá que passar por profundas transformações na sua estrutura econômica, social, política e cultural. Esse processo de ajuste interno pode durar até uma década.
País muçulmano dividido entre Europa e Ásia, a Turquia conta com cerca de 70 milhões de habitantes. Ao se candidatar a uma vaga na UE, o governo turco deu início a medidas de ajuste interno. Além das reformas no plano econômico, foram incluídas mudanças na Constituição: mulheres e homens tiveram direitos equiparados, a pena de morte foi abolida e adotou-se o respeito sistemático aos direitos humanos.
Apesar do empenho, a rejeição ainda é grande. No total da população da UE, o índice de rejeição alcança 54%. Na Áustria, 73% entendem que os turcos têm padrões culturais muito distintos dos europeus. Mantidos os atuais níveis de crescimento, a Turquia terá em 2020 cerca de 85 milhões de habitantes, mais que a Alemanha, maior país do bloco. Muitos europeus receiam que, com a entrada da Turquia, a UE se torne mais vulnerável ao terror e à instabilidade geopolítica à medida que terá como vizinhos o Irã, o Iraque e a Síria.
Contudo, há quem veja fatores positivos na integração. O Reino Unido, assim como os EUA, dizem que essa aproximação entre Oriente e Ocidente pode contribuir para a ampliação do diálogo entre a Europa e o Islã, além de levar para os países do Oriente Médio os valores da democracia.
País muçulmano dividido entre Europa e Ásia, a Turquia conta com cerca de 70 milhões de habitantes. Ao se candidatar a uma vaga na UE, o governo turco deu início a medidas de ajuste interno. Além das reformas no plano econômico, foram incluídas mudanças na Constituição: mulheres e homens tiveram direitos equiparados, a pena de morte foi abolida e adotou-se o respeito sistemático aos direitos humanos.
Apesar do empenho, a rejeição ainda é grande. No total da população da UE, o índice de rejeição alcança 54%. Na Áustria, 73% entendem que os turcos têm padrões culturais muito distintos dos europeus. Mantidos os atuais níveis de crescimento, a Turquia terá em 2020 cerca de 85 milhões de habitantes, mais que a Alemanha, maior país do bloco. Muitos europeus receiam que, com a entrada da Turquia, a UE se torne mais vulnerável ao terror e à instabilidade geopolítica à medida que terá como vizinhos o Irã, o Iraque e a Síria.
Contudo, há quem veja fatores positivos na integração. O Reino Unido, assim como os EUA, dizem que essa aproximação entre Oriente e Ocidente pode contribuir para a ampliação do diálogo entre a Europa e o Islã, além de levar para os países do Oriente Médio os valores da democracia.
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